Os bonecos do espetáculo foram confeccionados por Olga Gómez
A vida do baiano Luiz Gama dá uma peça. Nascido livre, ainda menino foi feito escravo pelo pai, para pagar uma dívida de jogo. Em São Paulo, para onde foi levado, conquistou judicialmente a própria liberdade e a de mais de 500 homens e mulheres escravizados. Inspirada por esta história, A RODA resolveu levar aos palcos a infância e juventude daquele que é considerado o maior abolicionista do Brasil. A primeira apresentação de “Luiz Gama – em processo” acontece no dia 13 de outubro, às 14h, como parte da programação infantil da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica).
As pesquisas para a montagem começaram em 2015, quando a poeta baiana Myriam Fraga (1937-2016) apresentou à companhia a biografia “Luiz Gama – A luta de cada um”, de sua autoria. Inspirado nessa história comovente, a companhia começou a trabalhar no texto do espetáculo, que conta com poesias extraídas de obras de Myriam e trovas do próprio Luiz Gama, que além de rábula (advogado sem formação acadêmica) foi orador, jornalista, escritor e poeta.
Pela primeira vez desde a fundação, em 1997, A RODA irá utilizar a técnica de animação dos bonecos de luva, conhecidos popularmente como fantoches. “A escolha da técnica tem a ver com a história, que é um argumento muito triste, vinculado ao tempo imediatamente anterior à abolição da escravidão. Com os bonecos de luva, ela ganha vivacidade e encanto”, conta Olga Gómez, diretora da companhia.
Vivência do espetáculo em escola pública de Salvador
Os bonequeiros Naiara Gramacho, Bernardo Oliveira, Janaína França e Nara Santos darão vida aos personagens do espetáculo. Para se aproximar do público e conhecer suas impressões sobre a construção da peça, foram realizadas vivências em escolas da rede municipal de ensino de Salvador, nos bairros de Brotas e Coutos. “Foi uma experiência nova e muito enriquecedora para nós”, diz Marcus Sampaio, produtor do grupo.
Na Flica, a apresentação da peça contará com música ao vivo, elaborada e executada por Elinaldo Nascimento. Durante este ano, o espetáculo segue em processo de ensaios e ajustes. A estreia oficial deve acontecer no primeiro semestre de 2017. A previsão é que sejam realizadas 10 apresentações em Salvador, a preços populares. “Nosso desejo também é levar essa história para escolas e espaços alternativos”, conta Marcus.
A pesquisa e produção do espetáculo são patrocinadas pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) e integram a segunda edição do projeto Madeira Viva, contemplado no edital de apoio a grupos e coletivos culturais de 2014.